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Guerra mostrou que Hamas usa o povo, diz ativista de Gaza 2ft1

Atualizada em 30/03/2025 07:47 521q6s

Foto: Reprodução / TV Globo

Os recentes protestos de moradores da Faixa de Gaza contra o governo do Hamas mostram que a população cansou do regime da agremiação terrorista, que se aproveitava dela em nome da luta contra Israel.

A opinião é de um dos pioneiros dos atos contra o Hamas, Hamza Abu Howidy. “Estávamos esperando por isso há muito tempo. Não é fácil pedir ao povo de Gaza para protestar quando há uma arma apontada para sua cabeça. Seria como pedir aos reféns israelenses para protestar contra seus captores”, disse.

Ele sabe do que fala. Hoje com 28 anos, integrou os primeiros protestos de 2019 e ajudou a organizar uma segunda rodada, em 2023. Nas duas ocasiões, amargou três semanas de cadeia e tortura nas mãos do Hamas, sendo obrigado a fugir de Gaza.

Após uma temporada “de pesadelo” em campos de refugiados na Grécia, ele conseguiu asilo na Alemanha, morando ao norte de Berlim há cerca de um ano. De lá, falou com a Folha por vídeo na sexta-feira (28).

Em um dos campos gregos, ele certa vez postou um vídeo crítico ao Hamas. “Um cara veio ao meu quarto e disse que se eu fizesse isso de novo, ele iria me decapitar”, afirma ele, figura conhecida na mídia alemã. A vida agora está melhor, mas longe de ideal: “Recebo ameaças de morte todos os dias”.

O motivo é sua oposição ao Hamas, que não se confunde com condescendência ante a campanha do Estado judeu contra Gaza desde o mega-ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, que matou 1.200 pessoas. “Eu não reconheço mais as ruas da minha cidade, não há uma família que não tenha perdido alguém”, disse.

Nas contas do Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, 50 mil palestinos já morreram no território, que voltou a ser objeto de ataques quando Tel Aviv rompeu o cessar-fogo vigente desde o fim de janeiro para forçar a libertação dos 24 reféns vivos remanescentes.

A volta da violência levou aos atos contra o Hamas. “Quando eu deixei Gaza, o Hamas tinha apoio da maioria. Mesmo que as pessoas não gostassem do Hamas, elas acreditavam nessa narrativa de resistência armada. Mas agora, depois da guerra, elas viram as consequências disso”, disse.

“Viram como o Hamas estava apenas usando-as. Os cidadãos estavam famintos, mas o Hamas não. Sim, [resistir] é um direito legítimo para aqueles sob ocupação, mas nós, palestinos, deveríamos ter aprendido que, ao longo de 80 anos de resistência armada, isso não está funcionando”, afirma.

Ele não é muito otimista ante o futuro. “Precisamos de uma alternativa. O governo [do premiê israelense] Binyamin Netanyahu diz que a ANP [Autoridade Nacional Palestina] não serve. Então nos diga o que serve”, diz Howidy, que deixou Gaza pouco antes do 7 de Outubro, após sua família pagar US$ 3.000 para tirá-lo da cadeia.

Com efeito, o Hamas ainda conta com apoio de 35% dos gazenses, ante 21% da ANP, segundo a mais recente pesquisa do Centro Palestino de Pesquisa e Política, de setembro.

O caminho de Howidy ao papel de jurado de morte pelo Hamas não foi rápido. Nascido na capital homônima de Gaza, ele tinha dez anos quando o grupo tomou o poder, numa briga fraticida com a ANP.

O Hamas imiscuiu-se em todo o tecido social gazense desde então. O ativista conta que foi ensinado na escola que os judeus eram porcos a ser abatidos, e que Israel deveria ser jogado ao mar. “Era uma formação antissemita aberta”, diz. Hospitais e colégios eram frequentados por homens armados.

“Mas meu pai foi professor em Birmingham [Reino Unido], e tinha experiência com movimentos islamistas. Não engolíamos propaganda. Comecei a ler autores israelenses e outros anti-islâmicos como o germano-egípcio Hamed Abdel-Samad”, disse.

Em 2015, chegou a hora da faculdade de engenharia. “Só havia três universidade, e mais calma, sem brigas, era a do Hamas. Apesar de ateu, fui para a Universidade Islâmica de Gaza, estudar a sharia [lei islâmica]. Mantive a cabeça baixa por dois anos”, disse.

“O problema é que não estávamos estudando para construir prédios, e sim literalmente como fazer foguetes”, disse. “Não ia conseguir”, disse. Mudou de faculdade e estudou contabilidade.

O fato de não ser membro do Hamas o impediu de entrar no serviço público –destino da maior parte dos jovens como ele. “Fiquei furioso. O Hamas dividiu Gaza entre uma elite rica de apoiadores e nós. Quem se juntava a eles tinha carros, família, e eu, nada.”

Em 2019, relutou em participar de atos contra o grupo por melhoria de vida. “Eu tinha medo que fôssemos uma minoria e seríamos alvos fáceis. Mas quando percebi que eram milhares em Jabalia, fui”, disse. E parou pela primeira vez na cadeia.

Nos quatro anos seguintes, buscou acomodação e emprego no setor privado. Entrou pela primeira vez em contato com israelenses, ativistas pela paz, online. “Vi que eram pessoas, uma sociedade”, disse. Em julho de 2023, começou a organizar novos protestos contra o Hamas, foi preso pela repressão e levado ao exílio.

O 7 de Outubro logo veio. “Nós conhecíamos a brutalidade do Hamas, mas nada como aquilo. Eles mataram judeus, muçulmanos, sem separação. Eu, que estava no exterior, tratei de tirar minha família de lá”, diz, revelando apenas o ponto de saída, a agem entre Rafah e o Egito.

Howidy se exaspera com apoio ao Hamas entre os simpatizantes da causa palestina, algo corrente na esquerda do Brasil aos EUA, ando pela Europa. “O Hamas é o terror”, diz.

Ele afirma que o ataque inviabilizou a paz na região, devido à radicalização mais generalizada da sociedade israelense decorrente do episódio. “Nós vimos uma senhora que levava nossa gente de graça a hospitais em Israel ser sequestrada e morta. O Hamas celebrava isso na rua”, disse.

BN

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